- Lua Malakian
Pânico. Medo. Falta de ar. Sensação de morte.
Foi isso que eu senti quando me perdi, quando tudo que sentia era a falta de mim e o excesso dos outros. Essa dor que faz parte de mim e eu jamais entendi o porquê, antes de quase me perder, é claro. E agora, tenho lutado constantemente para me encontrar. Esquecer que as pessoas, por mais confusas ou perdidas, podem cuidar de si mesmas. Estou tendo que aprender a me priorizar, porque jamais fiz isso. E entender que por mais empática que eu seja, por mais que eu tenha usado o meu tempo para ajudar os outros, não devo esperar que façam o mesmo por mim. Até porque não fiz esperando nada em troca. E sim porque essa já é uma característica da minha personalidade: enxergar nas pessoas o que elas fingem não ver, me preocupando demais em tirá-las do precipício e quando me dei conta, era eu quem estava no fundo do buraco. Talvez esse tenha sido o momento que me perdi e me senti apavorada. Totalmente lúcida desejando que tudo aquilo fosse um pesadelo, mas não era. Era o escuro. Um dos lugares mais sombrios que já tive o desprazer de visitar. Lá, o vento corta. O frio machuca. A solidão aperta. Você grita. Só existe uma única voz presente nessa escuridão: O eco. E você a escuta lentamente vindo lá do fundo. São os resquícios da sua própria corda vocal. Nesse exato instante, você descobre que está sozinho. Não há ninguém para retribuir tantas ações boas que um dia você já fez. Você começa a questionar a existência da divindade e ao mesmo tempo vários questionamentos inundam a sua mente: Porquê eu? Porquê comigo? O que eu fiz para merecer isso?. Silêncio total. Ninguém vai te responder. Porque a resposta que você procura, só aparece depois de enfrentar tudo isso, e ela é única e absoluta: Você esqueceu de se amar. Viveu pelos outros e anulou sua existência: Esqueceu de viver por você. Esse foi o choque final. Foi ali, sozinha, abandonada, no frio, no escuro, com pensamentos mórbidos, que tomei a maior atitude da minha vida: Olhei pra cima. O fundo não parecia mais tão fundo, o clarão da luz tomou conta do escuro, a visão foi se tornando nítida novamente, tudo estava mais transparente, eu enxergava de novo, eu havia me encontrado. Um filme começou a rodar na minha cabeça em ordem cronológica: Da minha queda ao meu renascimento.
Dei pause.
Refleti sobre ele e um desejo me consumiu por dentro.
Era a minha hora de viver.
E dai apertei o play.